segunda-feira, 8 de março de 2010

Abraços Partidos (Los abrazos rotos) – 2009




Ah, um filme de Pedro Almodóvar... Meus olhos brilham ao falar. Os principais, Lluís Homar e Penélope Cruz, foram ótimos, em minha opinião. Muitos não gostaram de Penélope, mas eu gostei. Imagino o quanto deva ser mágico para ela trabalhar novamente com o diretor que a introduziu no cinema, o mesmo cara do qual ela sempre foi fã.
O enredo é ótimo, mais uma vez metalingüístico, possui outros tantos enredos feitos em seu interior. As músicas fortes, as interpretações magníficas. Rossy de Palma, mais uma vez, brilha como coadjuvante. Ela é mesmo uma atriz incrível! As famosas cores de Almodóvar, como sempre, impecáveis.
Nossa, e o que dizer das câmeras?! Per-fei-tas!! O filme já começou com ângulos deliciosos. Adoro filmagens feitas com câmeras altas, postas no teto ou próximas dele, no caso, focando o chão e o aparelho de ginástica. Ficou fantástico!!! A cena na estrada... Ah! Não sei como ele consegue ser tão brilhante! Os movimentos, ele abusou dos movimentos! As câmeras deslizaram como se estivessem dançando! Até na primeira cena de sexo a câmera não esteve parada atrás do sofá, mas percorreu todo o seu “dorso”. Bastantes imagens de cima para baixo e de baixo para cima, simulando olhares e criando suspense. Pitadas de humor habilmente colocadas. A cena do acidente... Há quanto tempo eu não me assustava com um acidente no cinema? Eu simplesmente me arrepiei! Ele criou um clima maravilhoso!
A maquiagem é encantadora, o figurino também, assim como o cenário. Voltando ao roteiro, são fabulosas aquelas idas e vindas! Adorei a sensação do inacabado no final. O filme é ótimo! É lindo! É muito bem feito, sim! Almodóvar é, inegavelmente, um gênio! Não poderia falar menos do meu ideal de cinema. Até falaria se fosse o caso, mas, realmente, não é.

Nasce uma estrela (A Star Is Born) - 1937



Para um recente surgimento de um blog, nada melhor do que um filme que possui o verbo nascer em seu título: Nasce uma estrela.
Bem, falando nisso, esse é o nome de três diferentes obras com histórias semelhantes, em épocas distintas. A primeira é de 1937, a segunda de 1954 e, por fim, a terceira de 1976. Como se pode perceber, falaremos sobre a primeira, por enquanto.
Dirigido por William A. Wellman, conta com a atuação de Janet Gaynor e Fredric March, nos papéis principais.
A história é envolvente, melodramática, com pitadas de humor. A fotografia é linda! É bonito de se ver o jogo de imagens feito entre as cenas na cidade pequena, mais escurecidas e paradas, e as feitas em Los Angeles, cheias de luz e movimento. Entre os temas abordados estão a chegada ao sucesso, dificuldades e anseios antes e depois de consegui-lo, alcoolismo.
Gostei bastante da avó Lettie (May Robson), durona, ela possibilita a realização pessoal da neta, e também a sua própria. Outros nomes poderiam ser citados. Gosto da cena na qual o nome artístico da personagem é escolhido. Achei deliciosa a fonética da palavra, insistentemente repetida.
Este filme norte-americano também é um dos filmes que critica a própria indústria do cinema local, abordando o sucesso como fabricação – o que tantas vezes é bastante real (a escolha do nome artístico, a abordagem do que o público quer ver, a divulgação e destaque para o que ocorre fora da tela com os atores, e por aí vai). O filme explicita interesses e não interesses do estúdio. Foi um dos primeiros trabalhos no cinema colorido; Concordo que a imagem pode não ser tão prestigiada hoje em dia, mas é grandiosa para a época.

sábado, 6 de março de 2010

Cinema, aspirinas e criticos


Quando se pronuncia a palavra Cinema, junto a ela deve-se seguir o termo Artes e não dialetos como entretenimento ou objeto de obtenção de conhecimento histórico. Todos mencionam a perífrase " SÉTIMA ARTE", mas não interpretam está ação de tirar fotografias e pô-las em movimento desta maneira.
Escrevo esta introdução pelo fato que muitos criticos inferiorizaram o último trabalho de Sofia Coppola, Maria Antonieta, por não ser totalmente verídico as fatos que ocorreram com a mulher de Luíz XVI. O filme não mostra a morte da rainha e nem os acontecimentos após o Palácio de Versailles, mas o lado "vivendo a vida a la Ferris Bueller".

E disso recaí a questão, um filme tem de ser autoral ou produzido para ser levado em salas de aula com intento de ensinar história? O Cinema é arte e deve ser encarado como tal, Sofia impôs seu estilo, atrávéz da fotografia e trilha sonora, além do roteiro despreoucupado com moldes e sendo levado como um artista deseja objetivar suas obras, sem impedimentos, sem limites de criação. Se assim pensarmos estaremos salvando Michelangelo Antonioni e Fellini, pois suas obras são autorais. E esta diretora foi influencida por tais mestres.
Quem quer saber sobre a vida e morte de Maria Antonieta que leia um livro biográfico, quem quer se deslumbrar numa obra de arte e encará-la desta maneira, assita "Maria Antonieta".


Escrito por Eder Rodolfo.


quinta-feira, 4 de março de 2010

Dialogando "Moulin Rouge"


André: P.S.:ah, acabei de ver Moulin Rouge...

Eder: O FILME POSSUI UMA DIREÇÃO DE ARTE ÍMPAR, NICOLE BRILHA EM SUA ATUAÇÃO. ACHO QUE SUA INTERPRETAÇÃO MERECIA O OSCAR, ESTÁ NA ALTURA DE SEU TRABALHO EM "OS OUTROS", MAS NADA SUPERA SUA ESTADIA EM "DOGVILLE". BAZ IMPRESSIONA COM SUA DIREÇÃO OUSADA E SEU ROTEIRO GENIAL, DEVERIA TAMBÉM TER SIDO AGRACIADO COMO MELHOR FILME DO ANO, MOTIVO: FOI A PORTA PARA OS OUTROS MUSICAIS, COMO: CHIGACO, O FATASMA DA ÓPERA E MUITOS OUTROS. TANTO QUE CHIGAGO GANHOU NO ANO POSTERIOR.

DESLUMBRANTE O NÚMERO "I LIKE A VIRGEN", O ATOR QUE INTERPRETOU O DONO DO MOULIN ROUGE BRILHA TAMBÉM.

APENAS NÃO GOSTO DAS CAMÊRAS LENTAS RETROATIVAS, MAS ACHO O FILME UM PRIMÔR E ACREDITO QUE BAZ SUOU A CAMISA PARA CONSTRUIR ESTE PROJETO.

MAS AQUELE ANO FOI RON E SUA MENTE BRILHANTE QUEM GANHOU O OSCAR, INJUSTO, POIS ESTE MANIPULA A CÂMERA DE UMA MANEIRA ANTIDINÂMICA,É POBRE EM TAKES.

OUTRA INJUSTIÇA DO ANO: ETHAN HAWKE NÃO LEVOU A ESTATUETA, ESTÁ ILUMINADO E NO AUGE DA ATUAÇÃO EM "DIA DE TREINAMENTO", BOM ESCREVI DEMAIS. SÓ QUE AQUELE ANO FOI INJUSTO, ATÉ COM IAN MACLEN, NOBRE EM SUA ATUAÇÃO EM "O SENHOR DOS ANÉIS", ATÉ AGORA NÃO ENTENDO POR QUÊ NÃO GANHOU SUA ESTATUETA, ME ARREPIA ASSITIR SUA ATUAÇÃO.

André: Pois bem, dizia eu que tu serias bem capaz de escrever teses sobre Moulin Rouge.
Eu também achei um filme fantástico. Concordo com o que vc disse, ainda que ache menos grave as câmeras lentas.
Só tive alguns sustos, pois em alguns momentos parecia que o filme adquiria pedaços de uma comédia escrachada, como, por exemplo, quando o vilão foi atirar em Christian no teatro e o dono do Moulin, cujo nome também não recordo, dá um soco na face dele. Aquela cena pareceu tão animação humorística, imprópria para tal filme, mas depois fui percebendo que essa mescla certamente era um objetivo de Baz.
A morte de Satine foi bem-vinda, se não o filme não teria sido justo com o que aconteceu em seu desenvolvimento. O momento da morte dela não poderia ter sido melhor.
Também gostei das expressões de agonia de Toulouse (Leguizamo), querendo fazer alguma coisa para evitar o pior, sem saber como. Ele tremia de tão forma, corpo, voz... transmitiu tanta realidade que praticamente senti tudo o que ele sentia em minha pele.
Eu achei fantástica, na cena final, da morte de Satine, quando a câmera vai subindo e subindo, passando pelas partes do teatro, o público aplaudindo, os caras lá do alto, o exterior, o vilão... Então a câmera segue adiante na horizontal e chega a um ponto distante e também futuro focando em Christian que escreve.

Eder: Não havia pensando a respeito daquele último take de "Moulin Rouge", realmente é magnífico. Sou fascinado por takes longos, sem quebra de câmera e edição. Acho que Steven Spilberg trabalha dessa maneira, vão dizer que ele é um diretor comercial, mas tem seus méritos

André: Em casos de um musical sério como Moulin, acho que aquelas cenas que citei devem ser cuidadosamente pensadas, não simplesmente para não deixar o filme cair na vulgaridade, mas para ser fiel aos ideais do filme, ao que ele propões, aos seus objetivos. Gosto de muitas comédias, de outras nem tanto, mas vale assistir se tiver paciência, rs!

Eder:Um coisa deve ser dita: Baz é um diretor de vanguarda, podemos ver isso por "Romeu+Julieta" e visionário (como está na capa de "Moulin...". A critica reduziu lamentavelmente seu último filme "Austrália". Mas um diretor como ele deve ser visto com outros olhos, ele não é modelo padrão. Talvez ele quisesse dar um ar de chanchada ao filme, mas aí de se lembrar que esta categoria segurou o cinema nacional por anos.