sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Poema do silêncio em mim


O mundo todo se agita

Gira a Terra sem parar

Resta a mim o meu silêncio

É a ele o meu pensar


Refúgio no qual reflito

Mar no qual permaneço

Nele fico ao fim da vida

Ele há desde o começo


Sintoma de solidão

A assolar este alguém

Sendo a fala que se cala

E a resposta que não vem


Silêncio, espaço de tempo

Rico em significados

Opção de quem medita

Condição dos sufocados


Silêncio de quem contempla

Silêncio do céu sem fim

Silêncio de Ingmar

Silêncio habitou em mim

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre a oficina

Acabei de terminar um trabalho de última hora e, dando umas lidas em meus e-mails, acabei caindo no blogger e visitando meu perfil.
Há algum tempo vi que estamos rebatizados e hoje vi que temos duas novas postagens. Gostei de nosso novo nome de blog e da continuidade do projeto.
É hora de administrar o tempo e deixar a vergonha de registrar os textos de lado. Espero estar contribuindo novamente, muito em breve.
A Oficina está aí para dividir e multiplicar ideias.
Abraços!


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fake Plastic Film


O que se espera no mínimo de um homem que deixa o campo da moda para lidar com direção de filmes, é que estes últimos sejam verdadeiros desfiles de moda. No máximo, o que se espera, partindo da mediocridade das pessoas, é um filme comentado por ter este elemento: o ex-comandante da maior companhia de moda em couro, a Gucci.Tom Ford salvou esta empresa, quando assumiu o posto de designer supremo . Agora ele não veio salvar nada na área do cinema, mas veio colocar seu nome no limbo dos novos diretores que possuem grande potencial de criatividade e sensibilidade.
Seu primeiro filme ('A single man', que mais uma vez leva uma tradução chula, 'Direito de amar'), além de ser um desfile para os olhos, e nesse sentindo pode-se classificá-lo como plástico, tem a cadência de ter uma trilha sonora ousada, mestrada por Abel Korzeniowski. Um roteiro com bons diálogos e a atuação surpreendente de Colin Firth. A cena em que fica sabendo sobre a morte de seu companheiro,Jim, é memorável em minha mente. É intenso e vibrante sua performance neste instante. Depois deste acontecido ele vive a vagar e a lembrar de seu ex-companheiro. E neste sentindo é que Tom ganha um ponto positivo, pois estas lembranças acontecem no sentido visual, onde este designer de moda sabe melhor trabalhar.
Um desavidado poderia confundir a obra com uma de Wong Kar-Wai facilmente, os dois diretores se assemelham no sentido de Direção de Arte. Mas Tom supera, com poucas quebras de edição, ângulos de câmeras antes nunca visto por mim e takes miletricamente marcados.

Um filme de época


Um filme para ser considerado razoável precisa preencher alguns requisitos, tais como: um roteiro bem escrito, com bons diálogos e que seu enredo consiga prender o telespectador. Quando a obra consegue alcançar tais objetivos e, além disso, possui outros pontos a serem considerados, esta obra passa a ser ‘um grande filme’, como costumamos dizer por ai. Bom, se tiver uma fotografia, que embeleze as cenas dentro da perspectiva que o filme aborda, atuações sublimes, uma produção impecável e um diretor sensível, que saiba conduzir as cenas e edite de maneira sábia, tem-se uma obra prima.

E é isso que acontece com 'Atonement' (2007), que no Brasil foi traduzido com um título que tange o que o roteiro trata, mas acredito que o pessoal da produtora brasileira não pensou apenas nisso. Pensaram também na obra anterior de Joe Wright, 'Orgulho e preconceito'. Ai o telepectador teria a falsa noção te que estaria vendo mais uma literatura de Jane Austen passada em fotogramas. Então já adiantando, o roteiro se adapta de um livro de Ian McEwan. Deve-se salientar a presença novamente de Keira Knightley, mas um motivo que chama a atenção do público acreditando ser esta uma película que continua a anterior.‘Desejo e reparação’, tradução para 'Atonement', não tem relações com a obra anterior de Joe. A história de passa no século XX.

Os takes que o diretor utilizou, aliadas a fotografia, fascinam. Deixam-te imobilizado. Principalmente na cena da retirada de Dunquerque em que não houve corte de edição. O roteiro é inteligente e impactante em seu final. Não se esperava tais acontecimentos nos últimos minutos do filme, perante a atuação de Vanessa Redgrave. Atuações, dignas de serem chamadas de atuação não faltam neste filme, partindo da revelação Saoirse Ronan à queridinha do diretor, Keira. Junto a uma trilha sonora que se encaixa as cenas, dando dinâmica na produção, temos um filme de época a la ‘O paciente inglês’. Temos um belíssimo filme.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Por hoje, não quero mais morar sozinho




Éder, cadê a gente neste blog? rs.
Bom, tá na hora de quebrar um pouco a abstinência da escrita.
Antes de escrever, notei que até agora só postei comentários sobre filmes que tratam de filmes.
Está na hora de falar de algo diferente.
Nessa fase louca, na qual não sei o que será de mim, acabo por nem ver muitos filmes. Alguns, porém, vêm em boa hora.
Um filme que assisti e que veio ao encontro de minhas necessidades de catarse foi Albergue Espanhol (L'Aubergue Spagnole, 2002) de Cédric Klapisch, diretor francês.
Uma das grandes discussões do filme é o enfrentamento das expectativas do mundo e o entendimento de si mesmo. Não é por menos que algumas vezes vemos os personagens explodindo, transparecendo por fora o que ocorre por dentro deles.

Pois bem, deixar a cidade, deixar pessoas das quais gostamos e se enveredar em uma cidade nova e desconhecida, onde se encontra gente diferente e desconhecida, situações e dificuldades novas é uma experiência que, ainda que possa ser boa, gera certo transtorno, insegurança, reflexão e preocupação.
Também assim ocorre com Xavier (Romain Duris), jovem francês que viverá por um ano na Espanha, concluindo seus estudos em economia.
Após certas buscas e apoios, nosso protagonista encontra uma vaga em um apartamento, sendo aceito para viver com outros cinco jovens (posteriormente sete), cada um de um pais diferente. Um fator que conferiu uma autenticidade importante para o filme, foi o fato de, também esses atores, serem de diferentes nacionalidades.
No ato da entrevista de Xavier, na qual conversaram sobre ele e a possibilidade de ser aceito, os moradores acabaram conversando sobre eles próprios também, debatendo opiniões; foi aí que percebi como este filme traz diálogos interessantes, discussões próximas e corriqueiras da situação, que poderiam ser deixadas de lado por outro cineasta, mas que enriqueceram a película. Cada um de nós, dentro de nossas vivências, temos debates que podem, em partes, serem semelhantes aos desses personagens. Parafraseando Xavier "aquelas eram discussões que também são minhas".

Dentro desse albergue, e também em seu exterior, nos ambientes em que frequenta, Xavier, como é de praxe em filmes de viagem, reflete sobre sua vida, recorda seu passado, faz amizades, vive diferentes emoções e aprende um bocado de coisas. Mas, as coisas não ocorrem de modo tão frio e piegas.

O filme foi produzido de modo delicado e também diferente do que sou acostumado a ver. Alguns efeitos curiosos...
Ele possui cenas que lembram as de um desenho animado, nas quais ocorre uma sobreposição de imagens relacionadas com o que se fala. Posso citar a documentação necessárias para a viagem que vai aparecendo na montagem, fechando o quadro, tamanha a quantidade.
Há algumas cenas me lembraram seriados ou outros filmes de comédia, na quebra da cena e início de nova sequência. Confesso que não sou um telespectador alegre, que ri frequentemente durante as piadas dos filmes, mas não me contive, por exemplo, quando Wendy, interpretada pela bela Kelly Reilly, nega, com veemência, acompanhar os amigos a uma ida à casa noturna, até que, em um piscar de olhos a cena muda e... Adivinha! (risos).
Sim, Cédric conseguiu me envolver.

Ainda sobre Wendy (acho que gostei de falar dessa menina), estava discutindo o quanto achei fantástica a cena da chegada do seu namorado, na qual as imagens eram intercaladas e até mesmo dispostas uma ao lado da outra, abaixo da outra, mostrando os amigos dela tentando avisá-la, correndo pelas ruas da cidade, telefonando entre si. A impressão que dá é de que eles podem se trombar a qualquer momento. Ótimo o modo como ela foi produzida... Tudo isso culmina com o encontro com o tal namorado, persuasão e uma grande e divertida demonstração do tamanho da amizade que construiram e de suas qualidades cênicas de interpretação (!). Merece um prêmio para a produção, para os atores e outro para os personagens!

Uma característica peculiar das câmeras é a corrida picada (como posso explicar isso?), uma espécie de zoom gradativo e veloz. Ela também, algumas vezes, indicam a visão que o personagem tem do cenário.
Achei linda a cena do protagonista chegando na cidade, andando nas ruas e se imaginando fazendo o mesmo caminho outras vezes, outras tantas vezes, e, com sua jaqueta marrom, se observa vindo ao seu próprio encontro, com a camiseta vermelha, que realmente usará em momentos futuros.
Nas partes finais do filme, Xavier se consulta, com o amigo médico, por estar tendo visões, dentre outras coisas... As imagens que visualiza durante os exames são instigantes. Entre elas, inclui a mulher do médico atrás de uma parede, em trajes íntimos.
Foi com essa mesma mulher que ele havia se envolvido. O diretor mostra o quanto esse envolvimento foi fruto de uma busca por novas experiências, pautada por sua carência emocional e não por uma paixão desenfreada; "Eu não aguento mais", foi mais ou menos isso o que disse Xavier, namorado distante de Martine (a moça da qual ainda gostava) ao beijar sua companheira de caminhadas turísticas.

O filme trata das diversidades, deixa claro o quanto os estereótipos são inúteis. Foi feito em alta verosimilhança com a realidade: as imagens mostram uma Barcelona de um modo não fantaseado, não focado na beleza dos pontos turísticos. Além disso, os estudantes mantém um contato social, mas também estudam e passam um tempo sozinhos.
Detalhes foram cuidadosamente pensados. Uma lista com frases-chaves de seus idiomas é deixada ao lado do telefone para que, em caso de algum morador não estar em casa, aquele que atenda a ligação consiga se comunicar com o familiar do primeiro.
O sotaque e gírias também são pontos de atenção entre eles ("fuck").

Bom, eu poderia falar mais, mas o fato de falar muito pode não ser motivador para uma futura postagem na qual eu queira igualar ou superar a anterior, em termos de comentários.
Não vou resistir, porém (agora que lembrei) de comentar o uso da trilha sonora que foi bem interessante. A utilização de uma linda e triste música de Radiohead em momentos mais introspectivos foi ótima; a roda de violão ao som de "No Woman, No Cry", encantadora. De um modo mais ideológico, essa cena, ou mesmo o filme inteiro, é uma demonstração de como, mesmo sendo de povos tão diferentes, podemos aprender a lidar com as diferenças, entender as pessoas, dialogar com elas na busca de interesses, vivendo assim de modo pacífico, ainda que exista pequenos atritos.

Deixei implícito no título que sempre me agradou a idéia de morar sozinho. Não sei, talvez algum dia eu queira viver essa experiência, no entanto, esse filme fez crescer em mim a vontade de compartilhar histórias e conviver com outras pessoas. Quando eu for dividir novas moradas, que sempre encontre pessoas legais, como os amigos de Xavier, que despediram dele com abraços cheios de afeto.

Já estava aguardando novas cenas com Audrey Tautou. Sua atuação como Marine, namorada de Xavier, não teve muito destaque, mas me cativou.
É hora do regresso.

Xavier voltou a sua cidade. Sua vida havia se transformado e ele havia se modificado com ela.
É hora de se ajustar, conversar com a mãe, escrever no computador, sem camisa, espalhar fotografias, lembrar de todos e correr, correr pelo aeroporto, de braços apertos em um vôo único, sob o azul do céu.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Abraços Partidos (Los abrazos rotos) – 2009




Ah, um filme de Pedro Almodóvar... Meus olhos brilham ao falar. Os principais, Lluís Homar e Penélope Cruz, foram ótimos, em minha opinião. Muitos não gostaram de Penélope, mas eu gostei. Imagino o quanto deva ser mágico para ela trabalhar novamente com o diretor que a introduziu no cinema, o mesmo cara do qual ela sempre foi fã.
O enredo é ótimo, mais uma vez metalingüístico, possui outros tantos enredos feitos em seu interior. As músicas fortes, as interpretações magníficas. Rossy de Palma, mais uma vez, brilha como coadjuvante. Ela é mesmo uma atriz incrível! As famosas cores de Almodóvar, como sempre, impecáveis.
Nossa, e o que dizer das câmeras?! Per-fei-tas!! O filme já começou com ângulos deliciosos. Adoro filmagens feitas com câmeras altas, postas no teto ou próximas dele, no caso, focando o chão e o aparelho de ginástica. Ficou fantástico!!! A cena na estrada... Ah! Não sei como ele consegue ser tão brilhante! Os movimentos, ele abusou dos movimentos! As câmeras deslizaram como se estivessem dançando! Até na primeira cena de sexo a câmera não esteve parada atrás do sofá, mas percorreu todo o seu “dorso”. Bastantes imagens de cima para baixo e de baixo para cima, simulando olhares e criando suspense. Pitadas de humor habilmente colocadas. A cena do acidente... Há quanto tempo eu não me assustava com um acidente no cinema? Eu simplesmente me arrepiei! Ele criou um clima maravilhoso!
A maquiagem é encantadora, o figurino também, assim como o cenário. Voltando ao roteiro, são fabulosas aquelas idas e vindas! Adorei a sensação do inacabado no final. O filme é ótimo! É lindo! É muito bem feito, sim! Almodóvar é, inegavelmente, um gênio! Não poderia falar menos do meu ideal de cinema. Até falaria se fosse o caso, mas, realmente, não é.

Nasce uma estrela (A Star Is Born) - 1937



Para um recente surgimento de um blog, nada melhor do que um filme que possui o verbo nascer em seu título: Nasce uma estrela.
Bem, falando nisso, esse é o nome de três diferentes obras com histórias semelhantes, em épocas distintas. A primeira é de 1937, a segunda de 1954 e, por fim, a terceira de 1976. Como se pode perceber, falaremos sobre a primeira, por enquanto.
Dirigido por William A. Wellman, conta com a atuação de Janet Gaynor e Fredric March, nos papéis principais.
A história é envolvente, melodramática, com pitadas de humor. A fotografia é linda! É bonito de se ver o jogo de imagens feito entre as cenas na cidade pequena, mais escurecidas e paradas, e as feitas em Los Angeles, cheias de luz e movimento. Entre os temas abordados estão a chegada ao sucesso, dificuldades e anseios antes e depois de consegui-lo, alcoolismo.
Gostei bastante da avó Lettie (May Robson), durona, ela possibilita a realização pessoal da neta, e também a sua própria. Outros nomes poderiam ser citados. Gosto da cena na qual o nome artístico da personagem é escolhido. Achei deliciosa a fonética da palavra, insistentemente repetida.
Este filme norte-americano também é um dos filmes que critica a própria indústria do cinema local, abordando o sucesso como fabricação – o que tantas vezes é bastante real (a escolha do nome artístico, a abordagem do que o público quer ver, a divulgação e destaque para o que ocorre fora da tela com os atores, e por aí vai). O filme explicita interesses e não interesses do estúdio. Foi um dos primeiros trabalhos no cinema colorido; Concordo que a imagem pode não ser tão prestigiada hoje em dia, mas é grandiosa para a época.

sábado, 6 de março de 2010

Cinema, aspirinas e criticos


Quando se pronuncia a palavra Cinema, junto a ela deve-se seguir o termo Artes e não dialetos como entretenimento ou objeto de obtenção de conhecimento histórico. Todos mencionam a perífrase " SÉTIMA ARTE", mas não interpretam está ação de tirar fotografias e pô-las em movimento desta maneira.
Escrevo esta introdução pelo fato que muitos criticos inferiorizaram o último trabalho de Sofia Coppola, Maria Antonieta, por não ser totalmente verídico as fatos que ocorreram com a mulher de Luíz XVI. O filme não mostra a morte da rainha e nem os acontecimentos após o Palácio de Versailles, mas o lado "vivendo a vida a la Ferris Bueller".

E disso recaí a questão, um filme tem de ser autoral ou produzido para ser levado em salas de aula com intento de ensinar história? O Cinema é arte e deve ser encarado como tal, Sofia impôs seu estilo, atrávéz da fotografia e trilha sonora, além do roteiro despreoucupado com moldes e sendo levado como um artista deseja objetivar suas obras, sem impedimentos, sem limites de criação. Se assim pensarmos estaremos salvando Michelangelo Antonioni e Fellini, pois suas obras são autorais. E esta diretora foi influencida por tais mestres.
Quem quer saber sobre a vida e morte de Maria Antonieta que leia um livro biográfico, quem quer se deslumbrar numa obra de arte e encará-la desta maneira, assita "Maria Antonieta".


Escrito por Eder Rodolfo.


quinta-feira, 4 de março de 2010

Dialogando "Moulin Rouge"


André: P.S.:ah, acabei de ver Moulin Rouge...

Eder: O FILME POSSUI UMA DIREÇÃO DE ARTE ÍMPAR, NICOLE BRILHA EM SUA ATUAÇÃO. ACHO QUE SUA INTERPRETAÇÃO MERECIA O OSCAR, ESTÁ NA ALTURA DE SEU TRABALHO EM "OS OUTROS", MAS NADA SUPERA SUA ESTADIA EM "DOGVILLE". BAZ IMPRESSIONA COM SUA DIREÇÃO OUSADA E SEU ROTEIRO GENIAL, DEVERIA TAMBÉM TER SIDO AGRACIADO COMO MELHOR FILME DO ANO, MOTIVO: FOI A PORTA PARA OS OUTROS MUSICAIS, COMO: CHIGACO, O FATASMA DA ÓPERA E MUITOS OUTROS. TANTO QUE CHIGAGO GANHOU NO ANO POSTERIOR.

DESLUMBRANTE O NÚMERO "I LIKE A VIRGEN", O ATOR QUE INTERPRETOU O DONO DO MOULIN ROUGE BRILHA TAMBÉM.

APENAS NÃO GOSTO DAS CAMÊRAS LENTAS RETROATIVAS, MAS ACHO O FILME UM PRIMÔR E ACREDITO QUE BAZ SUOU A CAMISA PARA CONSTRUIR ESTE PROJETO.

MAS AQUELE ANO FOI RON E SUA MENTE BRILHANTE QUEM GANHOU O OSCAR, INJUSTO, POIS ESTE MANIPULA A CÂMERA DE UMA MANEIRA ANTIDINÂMICA,É POBRE EM TAKES.

OUTRA INJUSTIÇA DO ANO: ETHAN HAWKE NÃO LEVOU A ESTATUETA, ESTÁ ILUMINADO E NO AUGE DA ATUAÇÃO EM "DIA DE TREINAMENTO", BOM ESCREVI DEMAIS. SÓ QUE AQUELE ANO FOI INJUSTO, ATÉ COM IAN MACLEN, NOBRE EM SUA ATUAÇÃO EM "O SENHOR DOS ANÉIS", ATÉ AGORA NÃO ENTENDO POR QUÊ NÃO GANHOU SUA ESTATUETA, ME ARREPIA ASSITIR SUA ATUAÇÃO.

André: Pois bem, dizia eu que tu serias bem capaz de escrever teses sobre Moulin Rouge.
Eu também achei um filme fantástico. Concordo com o que vc disse, ainda que ache menos grave as câmeras lentas.
Só tive alguns sustos, pois em alguns momentos parecia que o filme adquiria pedaços de uma comédia escrachada, como, por exemplo, quando o vilão foi atirar em Christian no teatro e o dono do Moulin, cujo nome também não recordo, dá um soco na face dele. Aquela cena pareceu tão animação humorística, imprópria para tal filme, mas depois fui percebendo que essa mescla certamente era um objetivo de Baz.
A morte de Satine foi bem-vinda, se não o filme não teria sido justo com o que aconteceu em seu desenvolvimento. O momento da morte dela não poderia ter sido melhor.
Também gostei das expressões de agonia de Toulouse (Leguizamo), querendo fazer alguma coisa para evitar o pior, sem saber como. Ele tremia de tão forma, corpo, voz... transmitiu tanta realidade que praticamente senti tudo o que ele sentia em minha pele.
Eu achei fantástica, na cena final, da morte de Satine, quando a câmera vai subindo e subindo, passando pelas partes do teatro, o público aplaudindo, os caras lá do alto, o exterior, o vilão... Então a câmera segue adiante na horizontal e chega a um ponto distante e também futuro focando em Christian que escreve.

Eder: Não havia pensando a respeito daquele último take de "Moulin Rouge", realmente é magnífico. Sou fascinado por takes longos, sem quebra de câmera e edição. Acho que Steven Spilberg trabalha dessa maneira, vão dizer que ele é um diretor comercial, mas tem seus méritos

André: Em casos de um musical sério como Moulin, acho que aquelas cenas que citei devem ser cuidadosamente pensadas, não simplesmente para não deixar o filme cair na vulgaridade, mas para ser fiel aos ideais do filme, ao que ele propões, aos seus objetivos. Gosto de muitas comédias, de outras nem tanto, mas vale assistir se tiver paciência, rs!

Eder:Um coisa deve ser dita: Baz é um diretor de vanguarda, podemos ver isso por "Romeu+Julieta" e visionário (como está na capa de "Moulin...". A critica reduziu lamentavelmente seu último filme "Austrália". Mas um diretor como ele deve ser visto com outros olhos, ele não é modelo padrão. Talvez ele quisesse dar um ar de chanchada ao filme, mas aí de se lembrar que esta categoria segurou o cinema nacional por anos.